Tem coisas que conseguem ser inacreditáveis demais para se acreditar. Um simples instante, que possui longa duração, e por obra da memória seletiva, se torna um segundo inesquecível em que tudo muda e nada pode estagnar. Um sentimento eufórico preenche a alma, agita o coração que estava se congelando mesmo em meio ao verão. A mente pergunta inúmeras vezes se aquilo realmente está acontecendo, se aquela chance devia mesmo ter aparecido, se aquela pessoa devia mesmo ter te lido da melhor forma possível – mesmo com tantos erros escritos, feitos e assumidos. As lembranças que torturam tentam convencer de que tudo não passa de um engano. A culpa afirma que tudo cederá passagem para a decepção. A covardia manda fugir até que os braços se entrelaçam ao próprio corpo, provando que essa insegurança é segura. É tão irreal que vira real. Os olhos conseguem ver tudo: Assimilam um gesto com um sentimento. De repente, não há mais sentido para reclamar da vida, para condenar o passado, para encontrar dificuldades no presente e nem desculpa para não sonhar com o futuro. A existência e a presença de tantos componentes essenciais parece ser desmerecida, mas talvez, o que não se sabe é de que nada nesse mundo vem por ocorrência de um mero acaso. Acaso, que não é uma coisa simples, e se fosse, garanto que as pessoas o entenderiam e o justificariam melhor. O acaso exige movimento, e mais que tudo, manda que não se espere eternamente por algo duvidoso. É por isso que o inexplicável aparece tentando apagar o que é explicável. Logo, deve-se acreditar que a coincidência é o maior indício de que uma iniciativa deve ser tomada, porque se for apenas um mero enfeite da sua vida, deve ser abandonada, assim como devem ser esquecidas todas as pessoas conformadamente indecisas. Já que a vida tomou a primeira decisão, deve-se tomar logo as decisões que faltam, ou seja, fazer logo o que se precisa e pede para ser feito.
Vamos aproveitar que vivemos por culpa de um acaso, para agradecer (mesmo que em silêncio) as pessoas que nos inspiram todos os dias. Aquelas almas, que parecem vir por sem motivo, e que fazem acasos mais que inesquecíveis acontecer em nossas vidas.
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